quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Confissões...



  É a primeira vez que estou aqui e nem sei o que te falar...
 
Acordei com uma amargura enorme em meu coração e o porquê só eu e você sabemos.
    Quão ingrata sou, quão ingrata fui, jamais te agradeci tamanho amor e dedicação. 
Com preço de sangue me comprastes, libertaste-me da escuridão. 
Quem seria capaz de tamanho sacrifício? 
Quem daria o melhor em troca da salvação do pior?
  E eu o que fiz? 
Nada.
Nem um sorriso de gratidão.
  Quantas vezes, inúmeras vezes, esqueci-te e nem ao menos me lembrei da tua existência. 
Sorria e eu nem imaginava que tal felicidade era gerada por ti. 
Recebia um presente, batia a porta e nem te direcionava um olhar. 
Ao sofrer te culpava. 
Ao chorar gritava contigo. 
Ao me sentir só questionava onde tu estavas.
  E o que eu achava de tudo isso? 
Que tua existência era apenas uma utopia.
  Que engano.
Sempre estivestes ao meu lado.
  Na dor, fostes meu alento.
  No sofrimento, meu consolo.
  Na alegria, sorrias comigo.
  Na abundância, me olhava se fartar.
  Na escassez, providenciavas o melhor.
  E o que eu fiz em troca? 
Jamais te agradeci.
  E só hoje em meus últimos instantes pude entender que em todos os momentos de minha vida estivestes ao meu lado, jamais me destes as costas, jamais estive só, nem por um segundo!
  Quando sentia medo, tu me acalmavas.
  Quando estava doente, tu me curavas.
  Quando estava cansada, tu me carregavas em teus braços.
  E o que eu te dei por isso? 
Nada. 
Nunca ouvistes nem um obrigado de minha boca.
  Perdoe-me! 
Esqueça minha vida inteira de ingratidão.
Dê-me mais uma chance, nem que seja a última para que eu possa te louvar, te agradecer, apenas para derramar-me em teus braços e num aconchego infindo sorrir-te, pois foi apenas hoje que pela primeira vez pude realmente sentir a tua dor de mim amar.
  A dor dos cravos, fincados em tua face…
  A dor dos pregos, batidos em tua carne…
  Do vinagre, que queimou teus lábios…
  Das chicotadas, que feriu a tua pele.
  Porém sei que dor maior foi a do meu desprezo.
  Perdoe-me!!!
  Te rejeitando fiz-te reviver cada trajeto daquela dor, cada cravo, cada espinho, cada chicotada e o peso da cruz.
  Espero que não seja tarde para te confessar meu maior segredo… 
Eu sempre soube que tu estavas ao meu lado e que nunca me abandonastes.
Eu sempre soube que cuidavas de mim, sempre tive a plena certeza que me amavas.
  Perdão!!!
  Perdão pela minha fraqueza. 
E antes que seja tarde demais… 
Obrigada por tudo! 
Tu fostes o melhor da minha existência, acolhe-me em teus braços, não sei viver sem sentir o teu cuidado, porque te amo Senhor!
  E qual a certeza que tenho neste último instante de vida?
 Fui a pessoa mais amada de todo o universo.


                               Aline Kelly
                          [Direitos Reservados]
 

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