Nesses últimos
instantes sinto a morte tão próxima a mim, é como se ela já estivesse a me
procurar. Olho os pássaros a cantarolar, pra mim é como se fosse a última nota
musical a ouvir. Olho para o céu está tudo parado, as nuvens não se mexem, as
folhas nas árvores não dançam ao toque do vento, é como se todos estivessem quietos
com medo de serem achados por ela. E eu, bom... nem sei como estou, talvez nem
saiba descrever ao certo como me sinto de verdade. Sinto um misto de tristeza e nostalgia, de
agradecimento e arrependimento, de conquista e perda. Sinto-me estranha, uma
sensação de perda toma conta de mim e sinto meu peito apertar de saudade. Saudade
de tudo... de quem amo e quem deixei de amar, do feio e do belo, do bom e do
ruim, do que é meu e do que é do outro, sinto-me estranha em mim. Talvez seja
isso... apenas a morte se aproximando, a certeza que só posso apenas seguir em frente sem olhar para trás mais uma
vez, sem adeus, sem abraço nem beijo, sem dizer eu te amo, e é aí que o círculo
se rompe e o elo da vida é quebrado, tudo fica para trás e minha vida se vai,
para muitos uma dor passageira, para alguns uma dor incalculável, infinita, uma
dor doída e fulminante, é a dor do amor não vivido, é a dor do adeus não dito,
é a dor de me perder.
Aline Tavares
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