terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Último adeus


  Nesses últimos instantes sinto a morte tão próxima a mim, é como se ela já estivesse a me procurar. Olho os pássaros a cantarolar, pra mim é como se fosse a última nota musical a ouvir. Olho para o céu está tudo parado, as nuvens não se mexem, as folhas nas árvores não dançam ao toque do vento, é como se todos estivessem quietos com medo de serem achados por ela. E eu, bom... nem sei como estou, talvez nem saiba descrever ao certo como me sinto de verdade.  Sinto um misto de tristeza e nostalgia, de agradecimento e arrependimento, de conquista e perda. Sinto-me estranha, uma sensação de perda toma conta de mim e sinto meu peito apertar de saudade. Saudade de tudo... de quem amo e quem deixei de amar, do feio e do belo, do bom e do ruim, do que é meu e do que é do outro, sinto-me estranha em mim. Talvez seja isso... apenas a morte se aproximando, a certeza que só posso apenas  seguir em frente sem olhar para trás mais uma vez, sem adeus, sem abraço nem beijo, sem dizer eu te amo, e é aí que o círculo se rompe e o elo da vida é quebrado, tudo fica para trás e minha vida se vai, para muitos uma dor passageira, para alguns uma dor incalculável, infinita, uma dor doída e fulminante, é a dor do amor não vivido, é a dor do adeus não dito, é a dor de me perder.

Aline Tavares 
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